segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

21:30

[gary barlow] muitas coisas a dizer, pouca ordem nos pensamentos. a solução de emergência é dividir e enumerar.

(1)

existem pessoas que arranjam encontros para os amigos. existem pessoas que sabotam sem querer os encontros dos amigos. e existe tippi hedren, que faz as duas coisas simultaneamente - embora seja melhor na primeira do que na segunda.

como não conheço minha cidade, pedi dicas de um lugar que estivesse aberto ontem. ela me disse que o bar y era "bem legal aos domingos" (transcrição direta). logo antes de sair de casa, resolvi entrar no site do lugar para checar o endereço.

"aberto de terça a sábado."

eu deveria ter desconfiado. há algum tempo, ela havia me falado de uma festa black "muito animada" que acontecia todos os domingos em uma balada que ela costumava frequentar. passei por lá várias vezes em minhas caminhadas pela região. só vi o toldo levantado, a luz apagada e uma porta de ferro. confesso que não me pareceu tão animada assim.

precisamos conversar sobre os domingos, tippi hedren.

não hoje. outro dia. hoje é dia de te agradecer.

(2)

preciso de ajuda com uma definição de encontro às cegas. imagino que alguém aí conheça as regras. é permitido trocar telefones antes? o encontro prévio entre alter egos é completamente vetado ou contatos em ambientes virtuais não contam?

(3)

ela: "a maioria dos meus amigos é gay."
eu: "eu também"
ela: "..."
eu: "digo, a maioria dos meus amigos também é gay."

(4)

pode ser autopreconceito da minha parte, se é que a palavra existe. mas tenho a impressão de que as minhas melhores conversas são aquelas em que eu só escuto, sem falar nada.

(5)

de volta aos encontros às cegas. não estou familiarizado com as regras. mas quando uma noite começa com uma caminhada de dez quadras sem rumo e termina com um paulistano sendo guiado por uma carioca, é possível falar em sucesso?

(6)


***

e não digo mais nada, porque aprendi que transformar uma pessoa em personagem pode ser constrangedor. especialmente quando há a possibilidade de que a pessoa em questão leia a história. mas três colegas vieram falar comigo hoje e repararam no tamanho do meu sorriso. talvez isso queira dizer alguma coisa.

12 comentários:

M. disse...

os paulistanos são idiotas. ou não conhecem a cidade natal, ou acham que conhecem.

a cidade deles NÃO EXISTE. eles moram num shopping center de 1500km2.

obrigado por desmaterializarem minha cidade.

(desculpem, esse assunto me deixa mais azedo que o normal).

gary barlow disse...

desmaterializarem?

Paty disse...

Não sei porque, mas esse comentário do M. me pareceu muito de turismólogo...

Autor disse...

Eu sou bairrista, AMO o Rio e não tenho saco ALGUM pra São Paulo.
Então, adorei o comentário do M.
hehehehehhe

Fabi disse...

Olá, cheguei no seu blog pq recebi a seguinte mensagem por msn: achei um blog tão bom, mas tão bom
q se ele não for gay, acho que vc deveria seduzí-lo
rs
http://contrastalker.blogspot.com/

Meu amigo está certo, o blog realmente é muito bom e sabe quando li o começo do post lembrei nele, pois ele tem facilidades em armar encontros e é um excelente sabotador.

Quanto ao eixo RJ-SP eu fico transitando pelos dois, adoro simplesmente as duas cidades e não consigo me posicionar em favor de uma ou outra....

beijos

gary barlow disse...

autor: sou um paulistano que nunca foi ao rio de janeiro. falha de caráter, confesso. mas tenho uma certa simpatia pelo estado - sobretudo por suas habitantes.

fabi: não sou nada bom em marcar encontros. já em sabotagem... rs. obrigado pela visita e pelo comentário. beijos

Anônimo disse...

Caro boyband,
Não entendi bem...já houve? Haverá? Tenho experiência razoável em encontros às cegas, ou quase. E bom, pode ser ruim, mas pode ser tão bom (do tipo muito bom mesmo).

PS1: adoro pensar que vc e a menina são as vozes de uma mesma pessoa, uma coisa meio esquizofrência, a la Pessoa.

PS2: às vezes os comments desse blog me divertem tanto quanto os textos, rs.

tippi hedren disse...

eu podia jurar que abria no domingo! mas o que importa de verdade não é o local, é a pessoa, a pessoa! e nesse quesito, meu caro, eu sou ótema!

gary barlow disse...

terapiaemblog: por partes, como no post. (1) houve. e haverá, espero? (2)e quem disse que não somos? (3)me divirto muito também.

tippi hedren: :)

M. disse...

Sim, desmaterializada. SP é a terra do trabalho. O que se constroi aqui é a imagem de um campo de trabalhos forçados, do qual todos pretendem escapar.

Por outro lado, veja o caso do Rio, já que o Autor levantou a questão. Pode ser o lugar onde a permissividade (no mau sentido) se sente em casa, pode ter uma ocupação urbana tão zoada quanto os piores centros urbanos da América Latina, pode ter precisado da ajuda do exército algumas vezes na década etc, etc, etc. Mas a imagem de cenário de novela do Manoel Carlos, a atmosfera que exala acordes de bossa nova enquanto você perambula por pessoas descontraidamente mal-vestidas supera todos os problemas, porque a Cidade Maravilhosa está em permanente construção na cabeça das pessoas ao redor do mundo.

E isso não é discurso de turismólogo. É ensaio de mestre em artes marciais querendo aplicar uma voadora. rs

Mme. Cedilha disse...

não entendi nada desse papo dos comentários. será que estou ficando burra?

eu amo são paulo. não tem nada de desmaterializado nela. digo o mesmo para o rio, que eu amo menos um pouquinho.

mas isso é só a minha opinião. irrelevante, certo? :)

tippi hedren disse...

a coincidência maior da vida é que eu passei parte do domingo ouvindo tony bennett e outras coisas bonitas assim. celebremos! (p.s.: a paradinha da verificação de palavras tá me pedindo para digitar "mozin", juropordeus. significa?)