sexta-feira, 27 de agosto de 2010

12:43

eu sei que o sonho que eu tive é importante. duro é entender por que. mas se eu conseguir lembrar direito o enredo já tá de bom tamanho.

tinha bastante sentimento nesse sonho. alguns bons, outros nem tanto. acordei atordoada como se tivesse visto um filme pesado que não entendi muito bem.

eu me sentia alegre. meu pai tinha ido me visitar. a gente estava em uma casa que não era a minha de hoje, mas a impressão que eu tenho é a de que eu já morava fora da casa da minha mãe, porque o roomie antigo estava no sonho.

aconteceu que deve ter ficado tarde e eu disse pro meu pai que ele podia dormir lá. mal contendo a ansiedade, lá fui eu tentar dormir. no meio da noite, eu acordei pra checar se ele tinha mesmo ficado na casa. e ele tinha. só que estava na cama com uma mulher que eu não conhecia. fiquei pensando "qual parte do filme eu perdi?". e também no que tinha sido feito da atual namorada dele. concluí: "lá vou eu, de novo, testemunhar uma traição".

do lado da cama dele, tinha uma outra, de solteiro. lá também dormia uma pessoa que eu não sabia quem era. e no sofá dormia o roomie. e eu entendi que ele tinha ido dormir muito puto da vida, afinal a cama dele estava ocupada por um casal. aí, fiquei muito preocupada, pensando que aquilo não era mesmo legal e que no dia seguinte iria ter bronca. e das justas.

eu me sentia triste, então. meu pai estava com uma mulher e isso me corroeu de raiva, porque nunca ficamos só nós dois fazendo alguma coisa. sempre tem uma nova esposa ou namorada, às vezes duas ao mesmo tempo. ou tem as minhas irmãs, a bateria que ele toca sem cessar, alguma coisa urgente que ele tem que resolver. no sonho foi como é na vida. e eu com aquela sensação de "como fui boba ao pensar que seria diferente desta vez".

eu me senti envergonhada quando, na cozinha, dei de cara com ele pelado. ficou claro pra mim que eles tinham feito sexo. eu me senti pequena, sem importância. ele não tinha se preocupado comigo.

eu não sou moralista. várias vezes briguei com a minha mãe porque ela não me deixava levar namorado pra dormir em casa. achava um contrasenso ela querer proibir o que, fora de casa, não teria como controlar. então a chateação do sonho é menos pelo sexo dentro de casa e mais pelo sentimento de ele não estar nem aí pro que eu sinto.

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

22:10

era uma vez uma garota. e um garoto. eles eram amigos. ele nunca quis nada além de um despropósito verbal sem fim. e tão divertido! ela também não queria romance. mas ela queria que ele quisesse. carência, ego... qual é o nome disso?

o coração dela virou poça d'água. desfeita por um sentimento menor?

como num clipe da björk, onde o que é pequeno fica grande, grande. insuportável. dói. mas é encantador. e até engraçado.

p.s.: björk, pra mim, é ovo fritando e coração bagunçado. ou excessivamente feliz.

20:49

"bom dia. gostaria de sugerir uma lei instituindo a carteira nacional de habilitação para ciclistas. atualmente, os ciclistas fazem tudo o que querem nas ruas, sem obedecer a lei alguma: andam na contramão, ultrapassam o sinal vermelho e andam na calçada, sem que nenhuma penalidade lhes seja aplicada. isto não pode continuar assim. se houvesse a exigência de uma (sic) exame para adquirir uma carteira de habilitação, os ciclistas teriam de estudar as regras de trânsito referentes aos ciclistas e, pelo menos, saberiam que existem estas leis. atualmente, se você reclama com o ciclista infrator, ele ainda fica nervoso com você!".

isso é o que eu chamo de interpretação peculiar da realidade. e viva o maluf, que desde 1969 só pensa no bem-estar de quem tem carro.

17:10

estava terminando o post anterior, logo depois da parte dos pensamentos pobres, e ela ligou. sabe tudo, essa lacaniana. acolhe, fala macio, pergunta como eu tô. e eu digo. tô bem. dou uma risadinha. nego a informação e depois reafirmo. ela sabe que eu tô, mas que as questões continuam fervendo em algum lugar de mim. eu sei que é possível viver sem análise. mas também sei o quanto sinto falta daquele lugar onde cabe tudo. principalmente eu.

16:33

eu vou poder pintar algumas paredes e portas da casa nova. vou sair ao sol sem pressa de entrar em um ônibus calorento. vou decorar o lar onde eu quero receber gente e, com sorte, receber essa gente. vou estender toalha no quintal e tomar sol, como fazem os gatos - só que sem toalha, sem roupa de banho e sem protetor solar. vou ler jornal todos os dias. preciso chegar à conclusão definitiva sobre quem informa melhor: folha ou estadão (sim, eu sei. talvez seja tudo a mesma merda). vou às últimas consequências para ter internet em casa. e então vou poder linkar todo mundo/toda coisa que eu gosto. e baixar música e seriado. ahhhhh! mal posso esperar!! vou perder algumas horas colando gravuras em um painel, um projeto velho, velhíssimo. vou gastar um pouco de dinheiro com bonitezas, como fotografias e posters de bandas e novas tatuagens e novos piercings. outro pouco de dinheiro eu vou gastar com calor. almofadas e uma cabeceira coberta com um bonito tecido de vó. vou gastar tempo comigo e com os meus pensamentos, que estão pobres e tão sem vontade de aparecer aqui. vou calcular, vou sim. e aí vou diminuir o tanto de dinheiro que sai da minha conta. de cara, sei que preciso gastar menos com restaurantes incríveis e mais com o que não se digere.

p.s.: a vida tá um saco agora, com tanta coisa pra fazer e nenhuma vontade. tô vendo o fracasso em toda empreitada. mas tô botando fé que com um pouco de descanso, eu volto animada a continuar. porque nada tem sido fácil. correr atrás cansa pra caralho.

p.p.s: saudade do blog antigo. tinha tanto mais de mim lá. eu era maior, mais inteira, mais corajosa. ou é só saudosimo, mesmo.

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

15:18

não é nada bom ficar encontrando as pessoas da faculdade quando você deveria ter uma vida adulta, um corpo em forma, saber se vestir, ter um carro e assuntos palpitantes, mas você não tem. e elas sim.

nesses momentos, eu vejo que me importo mais do que deveria com o que eu deveria ser ou ter e fico estabelecendo comparações terríveis pra minha autoestima.

elas, essas garotas que eu sempre encontro, trabalham em uma revista feminina da mesma editora que responde pela minha revista.

não sei se elas precisam ser ou se gostam de ser ou se apenas são, mas o fato é que elas se parecem muito com as mulheres que aparecem na revista delas. não as modelos. é como se elas fossem as leitoras que elas imaginam que existam. as chamadas mulheres-alfa, a quem a revista se dirige. mulheres que têm uma carreira, um marido, filhos e ainda são lindas, malham, prestam atenção às tendências e, por deus, têm dinheiro pra bancar essa porra toda.

elas são magras. e eu com a minha camiseta roxa, minha saiona preta. praticamente morro de vergonha dos meus braços gordinhos, da minha barriga, das minhas bochechas de quico. e ainda falo as coisas erradas!

- olha só, tá toda a faculdade praticamente na revista x.
- é, que legal.
- só falta você, tippi.
- tem vaga?
- agora não...
- olha, eu gosto muito da sua revista (de fato, eu gosto quando tô no mood mulherzinha. também tem umas reportagens boas, às vezes). mas acho que ainda preciso me testar mais na revista y, pois nem sempre escrevo e eu quero escrever mais blá blá blá (o velho papo de sempre).
- ah tá, eu só tava falando, mesmo.

tipo, não era pra eu levar a sério. não era uma proposta de trabalho, lógico. tudo culpa dessa dificuldade interpretativa que eu tenho às vezes. e aí o assunto morreu e eu fiquei só ouvindo a conversa delas, que era sobre como a tpm se tornou fútil.

e eu todo tempo pensando que queria comer mais alguma coisa, mas fiquei com vergonha de levantar na frente delas. praticamente podia ouvir seus pensamentos, todos mais ou menos assim: "- nossa, a tippi engordou, né? não sei como tem mulher que não se cuida. tanta academia por aí etc."

é, eu sofro com essas merdas.

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

21:22

o 44 não existe mais pra mim. o 44, no fim, não foi auspicioso, sabe garota? foi o que tinha de ser: a primeira coisa que apareceu. não a melhor, apenas a que existia no momento. a que se encaixava na vida que eu queria levar.

me agradava particularmente o fato de ele ser no centro e de eu ter uma varanda (que eu nunca usei de verdade).

(engraçado como praticamente abandonar a terapia me deixou mais lenta. agora, penso com dificuldade sobre o que eu senti. este post tá bem difícil de sair. ou talvez eu ainda me censure muito. ou seja só mania de jornalista, mesmo. alow, tippi, isso aqui é um blog pessoal, não uma reportagem.)

ok.

no 44, eu finalmente tive liberdade. quase todos os dias cheguei de madrugada. em boa parte desses dias eu estava bêbada. coisa libertadora, porque eu nunca consegui beber muito. medo do que aconteceria se a minha mãe percebesse o meu estado. alguns podem pensar que é ridículo sair de casa só pra poder voltar tarde e bebaça. saber como eram as coisas sem uma sensação permanente de culpa era tudo o que eu precisava.

foi legal finalmente não ser questionada sobre o horário em que eu dormia e acordava. mais legal ainda foi poder fumar maconha em casa. e ter o meu próprio maço de cigarros mentolados e de cravo. maço este que ficava jogado em qualquer lugar, nunca escondido.

mas aí as conversas legais com o roomie rarearam. apareceu um vão. fiquei com preguiça dele. acho que começou quando ele defendeu a abordagem de um programa escroto pseudojornalístico e justiceiro com as minorias deste mundo, sendo que ele mesmo não gosta de travesti nem "desses baianos que a gente vê no metrô, em qualquer lugar". e foi ficando grave com a louça sempre transbordando na pia, o banheiro permanentemente nojento, a caixa onde o gato faz cocô sempre suja.

e eu não sei falar as coisas. mania de ser sempre ok que me fode. fui deixando crescer e, pra evitar o conflito, me isolava com meus salgadinhos, chocolates, livros e dvds. bem adulta. só ficava no quarto ou fora do apartamento, pra não ter que lidar com o que me causava desconforto. acho que eu deveria ter tentado falar. teria sido importante no momento de dizer tchau, inclusive. mas... #fail.

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

16:23

me bateu um medo... de repente, vi que posso me tornar – facilmente – uma dessas pessoas que veem a vida passar. uma fatalista. alguém que diz: "- tinha de ser" ou "- as coisas são assim mesmo" ou ainda o temível "- eu sou assim". não quero ser assim! eu sou do grupo dos que se torturam de tanto pensar no que fizeram e por que. no que poderiam ter feito. no que farão, quando e como. um verdadeiro quebra-cabeças onde as peças são os sentimentos. me esforço para explicar todas as coisas para mim e para os outros. evidentemente, é inútil.