terça-feira, 11 de maio de 2010

16:23

estou me preparando para escrever um post difícil. não consegui entender muito bem a história e os meus sentimentos. engraçado que ontem, na ânsia de compartilhar com alguém, pensei em chamar meu amigo mais velho pra conversar. perto dos 50, livre do veneno que é a classificação, ele talvez conseguisse me ouvir.

por enquanto, as palavras de um nostálgico. também na casa dos 50, também um pária.

"Quando eu não passava de um jovem repórter, já lá vão três décadas, lembro-me de que recorríamos aos jornalistas mais velhos para obter alguma informação útil ou para resolver dúvidas. Eles eram figuras importantes no ambiente de trabalho. A gente os considerava cidadãos veneráveis e dignos de atenção. Desafortunadamente, agora que seria a minha hora de figurar como referência e exemplo para os outros, só me sobrou ouvir as maldisfarçadas gargalhadas de desprezo daqueles que recorrem às bases de dados e aos mecanismos de busca da internet para consultar e pedir conselhos. Lembro de ter escrito uma crônica sobre isso, e talvez alguém a encontre na blogosfera. Eu afirmei, se não me falha a memória, que os venerandos sábios anciãos foram substituídos pelo Google search. E eu era Google e não sabia! Um Google search meio gauche, mas ainda assim repleto de memórias, verdadeiras, verazes e até inventadas. Ou melhor, em um passado não tão distante, eu poderia ter sido respeitado como um sábio, mas não houve tempo. E poderia ter criado fatos e dados e ninguém me questionaria. Vários conhecidos meus fizeram carreira assim, na mistificação mais desavergonhada. Eles podiam inventar lembranças. Agora a gente erra uma vírgula e lá vem o sabichão acenando sua busca infalível... Mas esta é outra crônica e um outro tempo, mais adiantado do que o da crônica em questão."

na íntegra.

2 comentários:

LiC disse...

Caramba!!! Eu recorria aos meus editores para conselhos, pesquisas e até saber qual tequila era a melhor... Comecei no jornalismo ainda bem nova (quase ainda de fraldas, pois Balzac só me atingiu recentemente) e até antes da faculdade, mas sem aquele sonho de ser âncora da Globo ou querer mudar o mundo. A internet ainda estava no começo por aqui e o Google ainda era o Altavista e olha q não faz tanto tempo assim, ainda era 1999 qdo essa mudança de A pra G ainda acontecia.
Acho q hj eu sou o Google do meu trabalho. Meu chefe é um ser fútil. Apesar de ter filhos e ter sido casado, acho q ele joga no mesmo lado da moeda, então eu é q sirvo para dizer se o Bem-vindo é bem vindo ou benvindo ou se Gordon Brown é um sujeito mais interessante que Tony Blair, se Penelope Cruz Credo é realmente uma atriz q vai dar certo ou qual o melhor vinho para acompanhar uma salada com lascas de frango...

tippi hedren disse...

mas é bom ser google, eu acho. sinal de que é fonte segura. mas seu chefe abusa, hein.