segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

20:38

[gary barlow] greetings. passada a euforia de minha aventura litorânea, constato que continuo sendo uma das pessoas mais complicadas que eu conheço. top five, at least. e 2011, que tinha tudo para ser um ano calmo, começa com uma confusão amorosa.

outro dia me disseram que eu crio obstáculos para a minha felicidade. tenho de concordar. queria manter um recesso de relacionamentos, conforme planejado. em vez disso, acabei indo longe demais. mais precisamente, a alguns milhares de quilômetros de distância da charmosíssima capital paulista.

dizem que os amores de verão não sobem a serra. o meu foi até o aeroporto. por enquanto, só uma vez. fora isso, vivo a rotina patética de quem tenta usar recursos virtuais para prolongar um romance real. bobagem. em vez de encurtar as distâncias, a tecnologia só serve para te lembrar constantemente de quem não está lá. a vida, ao que parece, não é como aquelas propagandas de internet banda larga. para o meu azar. e, ao que tudo indica, nada deve mudar tão cedo. combinamos de ser só amigos, mas os dois sabem que o acordo é de mentirinha. a garota de muito longe parece não se incomodar. tenho de fingir que não me incomodo. ou pelo menos tento. não sou bom nisso.

sou bom é em complicar minha vida. ainda mais. a formação judaico-cristã diz que, em minha situação, eu deveria me comportar como um bom moço e esperar pela garota o tempo que fosse necessário. o pouco que aprendi com a vida me diz para fazer o contrário: esquecer a garota e tentar ser feliz por aqui. desnecessário dizer que não fiz nenhuma das duas coisas. continuo pensando na garota de muito longe. e olhando para as garotas de muito perto. para uma, em especial. paixão platônica antiga.

o problema - e sempre há um problema - é que a garota de muito perto está perto demais. nem dez metros. trabalhamos no mesmo lugar. fora isso, não temos nada em comum. poderia ser um empecilho, mas na prática é um atrativo. o que me sobra de autossabotagem me falta de autoestima. talvez por isso goste tanto de pessoas diferentes de mim. o que não gosto é de todo o resto. da possibilidade concreta de rejeição. das consequências disso no ambiente de trabalho. do meu sorriso de nervoso toda vez que tento falar com ela. e das cenas constrangedoras que repriso na minha cabeça toda vez que consigo.

não sou bom nisso.

hoje criei coragem e convidei a garota de perto para tomar uma cerveja. hoje a garota de longe disse que sente saudades. eu também sinto. não importa o que aconteça nesta semana, no mundo virtual ou no real, dentro ou fora do trabalho. não corro o risco de ser feliz.

3 comentários:

M. disse...

bom, não sei como eram as coisas antes dos milhares de quilômetros desse lugar bizarro que você batizou de "charmosíssima".

mas me parece que você é especialista em evitar riscos.

diz aí, nem na caderneta de poupança você aplica? (bancos não são confiáveis, afinal...) rs

gary barlow disse...

eu sou especialista em atrapalhar a minha vida. os métodos variam. mas fiquei curioso: que riscos eu poderia ou deveria correr neste caso? além do risco de ficar sozinho, claro. rs. beijos, milady. ou seria lord? well, beijos anyway.

tippi hedren disse...

eu amei tanto esse post... ai, gary, adoro ter vc aqui.