sexta-feira, 25 de junho de 2010

17:18

inspirada pelo texto dele*, escrevo minha versão das copas.

86 - méxico
seleção campeã: argentina

eu tinha acabado de completar dois anos de vida. não entendia bulhufas de futebol, de copa do mundo ou de qualquer outra coisa, mas ganhei uma camiseta do brasil e posei para uma foto no quintal. eu tinha um casal de maritacas que nos venderam como papagaios. eram o romeu e a julieta. não lembro qual deles morreu primeiro, mas, pasmem, o outro morreu pouco depois.

90 - itália
seleção campeã: alemanha ocidental

eu estava no pré. continuava não ligando pra copa. tô procurando qualquer memória na cachola, mas só consigo me lembrar do jogral ensaiado à exaustão, da festa de formatura, finalmente, e da lambada que dancei na festinha. eu estava banguela, meu cabelo estava todo cacheado e eu tinha ganhado uma pulseira da minha mãe. minha melhor amiga era a bia. quase 15 anos depois, ela deu em cima do meu namorado da época. bitch.

94 - estados unidos
seleção campeã: brasil

agora sim eu sabia o que era uma copa, mas descobri que meu avô não. até hoje, ele só assiste porque considera uma espécie de dever cívico, mas não entende nada do que está vendo. faz questão de perguntar sempre de que lado o brasil deve fazer gol. comemora o sucesso da seleção, naturalmente. acha que futebol é uma grande palhaçada. e que os salários são injustos. quanto a mim, fiquei maravilhada com bebeto e romário. nana, neném! eu tinha um hamster, o pig. ele morreu antes da final, após agonizar durante todo o campeonato. enterramos no jardim.

98 - frança
seleção campeã: frança

todo o frescor da oitava série e o inexplicável fiasco brasileiro. sem mais.

2002 - coreia e japão
seleção campeã: brasil

estava muito feliz por ver o felipão comandar a seleção. se tinha alguém que eu amava mais do que o marcos, no palmeiras, esse alguém era felipão. impagável vê-lo comemorar o penta como comemorou a conquista da libertadores da américa. descobri que o bial se tornava poeta quando o brasil ganhava e isso me chateou. assisti aos jogos no apartamento recém-comprado pela minha mãe. foi sua primeira aventura fora da casa dos pais, excetuando-se o casamento frustrado que durou menos de um ano. era o nosso espaço e éramos felizes.

2006 - alemanha
seleção campeã: itália

foi a copa dos adultos, como ele escreveu. eu já trabalhava duro, tinha um chefe escroto e queria morrer de raiva por ele abominar sites não relacionados ao trabalho, fones de ouvido, alegria etc. estava prestes a me formar, correndo com o tcc, mini-torcendo, portanto. neste ano, consegui meu primeiro trabalho como repórter.

2010 - áfrica do sul
seleção campeã: ?

sem dúvida, a copa acompanhada com mais ardor. vi quase todos os jogos, cornetei e amei dunga. minha felicidade é grande ao vê-lo peitar a vênus platinada, mas shhhh. kaká finalmente se revelou mais humano e menos cordeiro de deus. porra! e o felipão tá voltando pro palmeiras.

* não posso linkar. ele chora.

quinta-feira, 24 de junho de 2010

00:04

vocês não têm vontade de cantar MUITO alto músicas que fazem corar? eu tenho. no momento, estou ouvindo sucessos do bon jovi. this ain't a love song quase me faz levantar da cadeira puída da lan house e agitar as mãos sobre a cabeça num ritmo lento, mas emocionante. ou acender um isqueiro e apertar os olhos como se estivesse diante de um palco imaginário. e, ao meu lado, tem um cara fazendo uma supercoreografia com a cabeça. acho que é rap o que ele está ouvindo. será que ele me apoiaria? comigo!

i cried and i cried
there were nights that i died for you beibeeeeeeeee
i tried and i tried to deny
that your love drove me creizeee, beibeeee

if the love that i got for you is gone
if the river i cried ain't that long
then i'm wrong
yeah i'm wrong
this ain't a love song


p.s.: mal aí. precisava desabafar.

quarta-feira, 23 de junho de 2010

23:23

não queria voltar cedo para casa, apesar do vento frio. decidi comer alguma coisa. ou melhor: comer lendo, que é uma coisa que minha mãe condena e que eu gosto muitíssimo de fazer. eu julgo que é estranha a pessoa que vai sozinha a um lugar que serve comida e, ainda por cima, come lendo. mesmo assim, eu tenho esse comportamento... estranho.

detalhe importante: não serve ler coisa que exige concentração. é como se a brochura fosse uma TV aberta. e, como tal, a qualidade tem de ser duvidosa. você simplesmente não deve precisar pensar. é a brecha perfeita para mergulhar nas previsíveis tramas dos livros de mulherzinha como comer, rezar, amar ou em seu lugar, porcarias que eu absolutamente adoro. pausa para suspiro de alívio pós confissão vexaminosa. (tô ouvindo, neste exato momento, never say goodbye, do bon jovi, aproveitando a deixa.)

eu tinha onde comer, mas me faltava o livro ruim. fui à banca de jornais. na primeira, nenhum título "interessante". eis que na vitrine da segunda dou de cara com como me livrar de matthew. perfeito, pensei. é romance de mulherzinha, aparentemente um bouquet de clichês recheados de paixão e frustração e custa R$ 12,90.

aí, pedi o título ao senhor japonês dono da banca. ele, ocupado, pediu ao moço que com ele trabalha. repeti o nome do título. e ele perguntou - se livrar do quê?. e eu - do matthew. espirituoso, ele continuou: - manda e-mail. e eu só ria, claro. aí, um cara xis que também estava na banca opinou: - não atende as ligações dele. já com o livro em mãos, ele diz: - nossa, comprido. deve ser chato mesmo esse matthew. eu: - é...

paguei e fui embora, rindo. como não amar, ainda que brevemente, essas pessoas que fazem dos meus previsíveis dias esquetes de stand-up comedy?

21:33

vim aqui e li alguns posts. quase me esqueço desse espaço que tanto me serviu. no começo, para mandar recado, depois para tentar fazer arte, por último para desabafar. eventualmente, fazia as vezes de ferramenta de divulgação de filmes e músicas. mas o que combinava mais mesmo com tudo isso (ou aquilo tudo) era a minha angústia, a minha paixão, o meu desacerto, a minha felicidade. ainda volto aqui. tem tanta coisa de que preciso falar... me dá alívio saber que pelo menos isso aqui não vai me cobrar a presença. permanece. e não ameaça, não morde, não fica triste.