segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

18:08

[tippi hedren] eu estava lendo o blog dela e senti saudades do tempo em que eu era uma pessoa que ia a festas e bebia vodka e sonhava com os meninos mais bonitos do mundo. eventualmente, eu pegava esses meninos e a minha vida era pura emoção. será que ele está interessado? será que ele vem falar comigo? será que vamos sair? vai ser bom? vamos sair de novo? e de novo? e aí acontecia. e depois vinha um outro garoto, que era ainda mais interessante. e eu vivia tudo de novo. e tinha o menino que eu não posso linkar. antes, eu tinha raiva dele, porque ele claramente não queria me namorar. depois, eu aprendi a me divertir com ele, com a vodka, os filmes, as canções e a putaria também. eu era a dona do pedaço, embora isso não me caia muito bem.

o que eu vivo hoje é completamente diferente. eu olho para o lado e se for sexta, sábado, feriado ou férias, ele está lá, com a cabeça pousada no outro travesseiro. me apertando e dizendo, com voz de sono, "eu te amo tanto". eu não sabia que eu podia ter essa vida. eu não acreditava nela. não comigo. viver junto com outra pessoa não era um objetivo. e depois eu vi, de relance, que poderia ser bom. meses depois, eu percebi que não seria possível. não com o fotógrafo.

e agora vem a vida e me dá uma rasteira boa. perco o ar antes de cair. eu não estou conseguindo ficar longe dele. não estou querendo. nem precisando. pelo contrário. quando o fim de semana acaba, eu fecho a porta, ele liga o carro. dou boa noite para os gatos, deito na minha cama de casal e fico processando a falta que ele faz.

eu contei isso pra ela. eu estava surpresa. ela disse que é por isso que as pessoas se casam. engraçado. eu nunca tinha parado para pensar nessa razão mais óbvia. para mim, o casamento era mais uma satisfação à sociedade, um sonho em tons de branco e cheiro de flor. no meu caso, algo totalmente inviável, dada a minha inconstância.

e eu tenho medo, agora que me vejo a ponto de dividir a minha vida com alguém. porque as coisas sempre acabam. se transformam, primeiro. e eu não queria nunca que isso sequer mudasse. meu estômago se contorce quando eu penso que um de nós pode se tornar infeliz. que as piadas podem perder a graça. que ele pode ir embora. que eu posso, de novo, não saber como é o amor.

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