segunda-feira, 26 de abril de 2010

13:58

dois grandes amigos estão em crise e eu não sei o que fazer para ajudar. acaba comigo ver alguém sentindo angústia, com a voz mudada, com o ritmo de falar diferente, mal conseguindo concluir as frases ou decidir se quer sair para conversar ou não. mais assustador ainda é ler um texto verborrágico, em primeira pessoa, de alguém que tem uma dificuldade extrema de falar de si. acho que estou assustada. dá medo ver que as pessoas estão mudando seus padrões. é sinal de que a coisa ainda vai ficar maior. não acho ruim, nada ruim. talvez elas fiquem mais felizes depois. o problema é que antes vão ter que ficar aos pedaços, desencontradas de si. a dor, a dúvida, todas essas coisas precisam ser sentidas, ainda que seja uma merda. já fui de dar conselho. hoje acho inócuo. não existe conselho bom ou eficaz. é perda de tempo e até uma coisa estúpida achar que o nosso palpite pode realmente melhorar a vida de alguém. o que a gente vive, o que gente decide, o que fazem com a gente são coisas muito particulares, não deveriam sofrer interferência. mas abro exceções para doses de alívio. no meu caso, facilmente encontrado no cinema, em livros. só isso me faz não pensar no que eu tô sentindo. ou pensar de um jeito menos destrutivo. a porcaria é que a gente, quando sofre, quer a primeira coisa pronta que vê pela frente. e então os conselhos parecem bons, os achismos ganham contornos de diagnóstico. mas, pra mim, por mais que exista a experiência, os estudos, o empirismo, a intuição ou qualquer outra coisa, conselho é só enganação. evita que as coisas sejam vividas plenamente e elas precisam ser vividas para que a gente tenha uma vida de verdade, autêntica talvez, mas não sei se essa é a palavra. podem achar que é idiotice se lançar assim às experiências, sem capacete, sem colete à prova de balas. sou a favor de todas as dimensões que as pessoas e as coisas podem ter. isso aqui é quase um libelo em favor da dor de existir. tô com medo de não enxergar que há caminhos mais fáceis e tô meio cansada, confesso, de procurar profundidade e razão em tudo, em toda emoção. mas tenho funcionado assim. há muito tempo. então acho que não posso querer proteger meus amigos. mas me ofereço pra ajudar a recolher os cacos.

p.s.: texto todo baseado na hipótese de que as pessoas seguem conselhos. rá. elas não o fazem. no fundo, acho, todo mundo faz o que sabe que precisa fazer, o que sente que deve e o que deseja. assim espero.

4 comentários:

LiC disse...

Hummm talvez seja melhor vc avisar q vai estar lá qdo precisarem e ficar sempre com a vassoura e a pá por perto pra hora q precisar.

tippi hedren disse...

vou mandar fazer um kit de bolso.

homidilata disse...

você, mesmo antes de dizer, já tinha avisado que estaria por perto. amizade é isso. brigadim do fundo do vulcão extinto.

tippi hedren disse...

sempre, sempre aqui.