quarta-feira, 28 de abril de 2010

20:03

o release mais impactante que recebi, depois de um que continha a frase "intestino - sete metros de encrenca", chegou ontem à minha caixa de e-mails. quase que não me manifesto, mas foi mais forte que eu. precisei vir aqui e me chocar publicamente. é sobre um artefato que permite às mulheres fazer xixi em pé.

por mais que freud tenha se debruçado sobre a teoria da inveja do falo e que, de fato, seja um transtorno para as mulheres encontrar um lugar minimamente protegido e/ou limpo para se aliviar, não dá para achar legal um pipi rosa, de silicone, que vem numa bolsinha da mesma cor. fico me imaginando apertada, depois de ingerir litros de cerveja, num show sem banheiros químicos disponíveis...

sorrateiramente, vou a um cantinho, abro o zíper da calça (ou levanto a saia, o que seria deveras ridículo), pego o troço na bolsinha e colo na pélvis, como eles dizem que é preciso fazer. aí, eu fico lá, com meu pipi rosa molhando muros, plantinhas e quetais. depois, é só guardar o pipi e não esquecer de lavar com água e sabão. quem curte?

vejam com seus próprios olhos.

segunda-feira, 26 de abril de 2010

23:20

e se ele for com ela? como disfarço a minha dor de cotovelo, a minha desolação, minha falta de traquejo? saio correndo ou fico bêbada como nunca fiquei? finjo que tá tudo bem? dou oi? armo cena? não, esta opção não. nunca consegui na vida.

e quando ele chega e mal pode imaginar que passei boas horas esperando por essa aparição triunfal? e quando eu começo a reparar nos detalhes e tenho vontade de elogiar tudo? e quando eu fico querendo rir por qualquer coisa só por estar perto?

22:52

todos os horóscopos dizem que, por causa da influência de vênus, eu vou atrair pessoas. não vou discutir. hoje, recebi olhares diversos. descarados. o melhor foi o do caixa do mcdonald's. não se importou com o fato de eu perceber. talvez a intenção fosse justamente essa. esqueço que nem todo mundo paquera escondido como eu.

18:43

ele: eu, você, os malucos amam e desamam. os normais constroem relacionamentos (daí quando vai mal, cai bem uma reforma ou uma demolição).

eu: mas a demolição dos normais não é o desamor dos malucos?

ele: os malucos desamam com a obra perfeita ainda...

nota de rodapé: conversa via msn sobre gente que, aparentemente do nada, mata a bonita plantinha do amor e joga sal em cima.

15:26

queria tanto ser de geléia. aí eu teria uma vida mais fácil. saiba como.

13:58

dois grandes amigos estão em crise e eu não sei o que fazer para ajudar. acaba comigo ver alguém sentindo angústia, com a voz mudada, com o ritmo de falar diferente, mal conseguindo concluir as frases ou decidir se quer sair para conversar ou não. mais assustador ainda é ler um texto verborrágico, em primeira pessoa, de alguém que tem uma dificuldade extrema de falar de si. acho que estou assustada. dá medo ver que as pessoas estão mudando seus padrões. é sinal de que a coisa ainda vai ficar maior. não acho ruim, nada ruim. talvez elas fiquem mais felizes depois. o problema é que antes vão ter que ficar aos pedaços, desencontradas de si. a dor, a dúvida, todas essas coisas precisam ser sentidas, ainda que seja uma merda. já fui de dar conselho. hoje acho inócuo. não existe conselho bom ou eficaz. é perda de tempo e até uma coisa estúpida achar que o nosso palpite pode realmente melhorar a vida de alguém. o que a gente vive, o que gente decide, o que fazem com a gente são coisas muito particulares, não deveriam sofrer interferência. mas abro exceções para doses de alívio. no meu caso, facilmente encontrado no cinema, em livros. só isso me faz não pensar no que eu tô sentindo. ou pensar de um jeito menos destrutivo. a porcaria é que a gente, quando sofre, quer a primeira coisa pronta que vê pela frente. e então os conselhos parecem bons, os achismos ganham contornos de diagnóstico. mas, pra mim, por mais que exista a experiência, os estudos, o empirismo, a intuição ou qualquer outra coisa, conselho é só enganação. evita que as coisas sejam vividas plenamente e elas precisam ser vividas para que a gente tenha uma vida de verdade, autêntica talvez, mas não sei se essa é a palavra. podem achar que é idiotice se lançar assim às experiências, sem capacete, sem colete à prova de balas. sou a favor de todas as dimensões que as pessoas e as coisas podem ter. isso aqui é quase um libelo em favor da dor de existir. tô com medo de não enxergar que há caminhos mais fáceis e tô meio cansada, confesso, de procurar profundidade e razão em tudo, em toda emoção. mas tenho funcionado assim. há muito tempo. então acho que não posso querer proteger meus amigos. mas me ofereço pra ajudar a recolher os cacos.

p.s.: texto todo baseado na hipótese de que as pessoas seguem conselhos. rá. elas não o fazem. no fundo, acho, todo mundo faz o que sabe que precisa fazer, o que sente que deve e o que deseja. assim espero.

domingo, 25 de abril de 2010

20:18

quase duas da tarde e eu descendo a consolação rumo ao lar. de ressaca, preocupada com os efeitos da noite anterior, com a maquiagem borrada derretendo pela face. fazia muito calor. eu de roupa preta, meia-calça, salto alto. nunca senti tanta vontade de ter à mão meus óculos de sol. com eles, teria a ilusão de que podia me esconder daquelas pessoas que voltavam da feira, iam à padaria. todos com ar saudável e roupa apropriada. alguns de bicicleta, outros correndo. eu não podia estar mais distoante da multidão. logo que cruzei a igreja ou um pouco antes dela, um moço me para, sem razão aparente, e avisa: "ó, descendo ali tem frango". se ele soubesse de que mal eu sofro, me ofereceria logo um cérebro novo. mas achei simpática a atitude. por dentro, eu estava até que bem feliz. em muitos momentos da noite senti que minha vida tinha ficado maior, que subitamente mais coisas passaram a caber na minha existência. e apesar de um barman ter me sacaneado* até o último pelinho do braço, saí de lá achando que tinha valido a pena.

* vai se ferrar. colocou só três dedos de vodka no meu copo, sendo que as duas outras que tomei eram doses generosas. deveria existir um padrão para o enchimento de copos, não deveria? aí, mini-reclamei. sendo educada, claro. com um ar cínico, o barman pegou o dosador, encheu outro copo, que ficou com menos vodka do que o primeiro. então, ele olhou bem pra mim e jogou a primeira vodka fora. no chão. todinha. aquilo foi muito vil. muita maldade mesmo. e eu, loser, fiquei olhando pra ele, totalmente sem acreditar e impotente. na falta de remédio, voltei para a pista. acho que foi por isso que, junto com a minha amiga, soquei a cama ao acordar. alivia a frustração e é quase indolor.

quinta-feira, 22 de abril de 2010

18:02

acabei de reler alguns e-mails que a gente trocou. tanta fofice, tanta saudade, tanta foto. tudo isso que todo mundo mais ou menos vive e, mais cedo ou mais tarde, perde. pelo menos, tá doendo menos a cada dia, o que também acontece com todo mundo. difícil mesmo é ter que obrigatoriamente passar na frente da casa onde fomos absurdamente felizes.

reedição: "tanta foto". na verdade, são poucas. considerando o tempo que durou a relação, no entanto, é foto pra caramba. coisa de gente apaixonada. e incauta.



não dá pra ver direito, mas são peras cobertas com geléia. nosso segundo encontro. ele tirou.

quarta-feira, 21 de abril de 2010

20:13

eu gosto de stalkers. é reconfortante receber atenção. e é tão legal quando alguém vai num blog que é seu, lê um post ou mais e, a glória perpétua, comenta. seguidas vezes. sonho pra mim é um leitor que vem todo dia conferir se tem post novo. mas isso é coisa pra gente do quilate mary w., não do meu.

o título é, na verdade, uma brincadeira com o fim do meu primeiro blog, cujo nome não vou citar, porque esse google é terrível. nunca achei que fosse abandoná-lo. não precisei, na verdade. até sair de casa e ter que lidar com uma outra carência, a da minha mãe. ganhou de qualquer maluco internético, ela.

bem-vindos.